Onda antissistema que varreu o Congresso também se deve a novas regras

Alta taxa de renovação da Câmara e do Senado seria ainda maior se fundos fossem distribuídos de modo mais uniforme

Um Congresso renovado e, de certa forma, mais representativo da sociedade brasileira e com menos vínculos com partidos tradicionais. O resultado das urnas é reflexo de uma reação do eleitorado à turbulência política dos últimos anos, mas também responde a mudanças recentes nas regras do jogo eleitoral. Entender o que aconteceu no último dia 7 é o primeiro passo para imaginarmos nossos próximos quatro anos.

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A renovação recorde na Câmara (e no Senado) decorre de novas dinâmicas sociais que foram captadas de modo diverso pelos partidos. Dos 513 deputados eleitos, 70 nunca haviam disputado uma eleição (eram 56 em 2014). Desses novatos, 25 vieram do PSL de Bolsonaro, 7 do Novo e 5 do PRB. O sucesso desses partidos vem sendo atribuído a uma onda de direita (ou antipetista) que varre o Brasil. Faz sentido, mas a situação é mais complexa.

As maiores perdas foram justamente das siglas que dominaram a política brasileira desde a redemocratização. O MDB recebeu 55,4% menos votos do que em 2014 —imenso baque que também foi sentido por PSDB (queda de 44,5%) e PT (que sai das urnas 38% menor que há quatro anos).

Esses números indicam que, revoltado por tudo o que a Operação Lava Jato revelou (e ainda tem a revelar), o eleitor puniu os partidos que representavam o mecanismo. A onda é antissistema, portanto.

Mas a renovação do Congresso responde a outros fatores, de natureza institucional. Os dados do Tribunal Superior Eleitoral ainda estão sujeitos a revisão, mas existem indícios suficientes para acreditar que as minirreformas eleitorais de 2015 e de 2017 impactaram o resultado das urnas, para o bem e para o mal.

Leia a íntegra do artigo no site da Ilustríssima e na edição da Folha deste domingo (14/10).